Olá, Senhor Carlos Soares. O senhor me criou e agora diz que vai embora? E como eu faço? Quem vai me contar estorinhas do Mickey e Pateta? Quem vai brincar comigo de Peter Pan? De amigo invisível? De Debby&Loyd? Quem vai me ensinar a gostar da professora? Quem vai me ensinar a gostar de poesia? Quem vai contar os casos engraçados? E os casos de luta, de lição de vida? Quem vai me contar? Quem vai me ensinar a valorizar a infância? A mãe, o pai, os amigos? Quem vai me falar de saudade? De Deus. Quem vai continuar me dizendo que temos que ser heróis de nós mesmos? Que devemos buscar a força interior. Quem vai me ensinar a brincar de passarinho? Entender as fases da lua e das pessoas? Respeitar a natureza, os bichos? Quem vai me ensinar sobre felicidade, sobre utopia, sobre realidade? Brincar de ciranda? Quem vai me dizer que amanhã é um novo dia? E agora... como vou poder viajar na poesilândia se o senhor se for?
Pôxa, o senhor mesmo disse... “eu nunca digo adeus”. Cadê a Fênix que o senhor tinha no peito? Ah, senhor Carlos, não sou mais um menino feliz. Se o senhor não está mais aqui, eu também vou me embora, porque o senhor está me fazendo chorar e a gente não combinou isso. Parei de brincar. Adeus também.